segunda-feira, 16 de setembro de 2013

Uma estorinha sobre convicção

"Esta é uma situação nova. A inteligência consiste em perceber o fato de que quando uma situação é nova, nunca se deve tentar o velho. Quando ela for nova, seja novo, inventivo; simplesmente abandone o passado, olhe de outra forma! Deixe que sua consciência responda ao novo, espelhe-o! E não tenha medo de erros e enganos, pois numa nova situação, o único erro imperdoável é usar algo que foi útil em alguma outra situação - o único erro que não pode ser perdoado! Todos os outro erros e enganos são perfeitamente bons e aceitáveis; você aprenderá através deles.
Uma estorinha sobre convicção :
Convicção é aquilo que está embutido. O pássaro fazendo um ninho na árvore está convicto de algo do qual não tem conhecimento. Ele nunca fez qualquer ninho antes, nunca deu nascimento a filhotes antes - esta é a primeira vez - e também nunca esteve em alguma escola para aprender como fazer ninhos. Ninguém lhe disse ou lhe ensinou, e  de repente uma convicção surge. No momento em que o pássaro está prenhe, uma convicção surge, de alguma profundidade desconhecida, de que um ninho precisa ser construído - não tanto na cabeça, mas na própria fibra de seu ser. Ele começa a se mover, a arranjar coisas. Mil e uma coisas precisam ser arranjadas, e na época em que os filhotes vierem, o ninho estará pronto. Ele não tinha idéia deles, do tipo de filhotes, nenhuma idéia do ninho, mas acontece. Isso é convicção.
         Esta convicção não está em você? Você não está "convencido, contudo"? Não há uma convicção, em algum lugar no fundo de seu ser, de que esta terra não é o seu lar, de que você precisa encontrar o seu lar, de que aqui, de certa forma, você é um forasteiro, de que o amor vivido por você é de alguma maneira superficial - seu destino deve ser muito mais -, de que a vida a qual você está vivendo não é a que você se destinava a viver ? Esta convicção está presente, daí a busca, a aventura, o procurar contínuo aqui e ali, nesta e naquela direção.
Em algum lugar deve haver alguma maneira de encontrar seu destino preenchido. Reflita...que teus caminhos se abram e que o NOVO entre na sua vida!!!

segunda-feira, 15 de abril de 2013

Do medo

Nego-me a submeter-me ao medo,
Que me tira a alegria de minha liberdade,
Que não me deixa arriscar nada,
Que me torna pequeno e mesquinho,
Que me amarra,
Que não me deixa ser direto e franco,
Que me persegue,
Que ocupa negativamente a minha imaginação,
Que sempre pinta visões sombrias.

No entanto não quero levantar barricadas por medo do medo,
Eu quero viver, não quero encerrar-me.
Não quero ser amigável por medo de ser sincero.
Quero pisar firme porque estou seguro,
E não para encobrir o medo.
E quando me calo, quero fazê-lo por amor
E não por temer as consequências de minhas palavras.

Não quero acreditar em algo só por medo de não acreditar.
Não quero filosofar por medo de que algo possa atingir-me de perto.
Não quero dobrar-me só porque tenho medo de não ser amável.
Não quero impor algo aos outros pelo medo de que possam impor algo a mim.
Por medo de errar não quero me tornar inativo.
Não quero fugir de volta para o velho, o inaceitável, por medo de não me sentir seguro no novo.
Não quero fazer-me de importante porque tenho medo de ser ignorado.
Por convicção e amor quero fazer o que faço e deixar de fazer o que deixo de fazer.
Do medo quero arrancar o domínio de dá-lo ao amor.
E quero crer no reino que existe em mim.


Fonte: Arte Médica Ampliada – revista da Associação Brasileira de Medicina Antroposófica. Ano XXX, No. 1 (outono, 2010), p. 41.

terça-feira, 26 de março de 2013

Limites da Consciência


A linha limítrofe cria um par de opostos. Traçar limites é produzir opostos. E o mundo de opostos é um mundo de conflitos; uma destas linhas de limites culminou na Árvore do Conhecimento, que era na verdade a Árvore do bem e do mal. A dor e o prazer, o bem e o mal, a vida e a morte, o trabalho e o lazer – toda a série de opostos conflitantes abateu-se sobre a humanidade.
O simples fato de traçar um limite é um preparar-se para o conflito – mais especificamente, para a guerra dos opostos, a luta angustiante da vida contra a morte, do prazer contra a dor, do bem contra o mal.
O fato é que vivemos num mundo de conflitos e opostos porque vivemos num mundo de limites. Como toda linha limítrofe é também uma linha de batalha, eis aqui uma dificuldade humana: quanto mais firmes os limites de uma pessoa, mais entrincheiradas serão suas batalhas.
Quanto mais me agarro ao prazer, mais necessariamente temo a dor. Quanto mais busco a bondade, mas me atormenta o mal. Quanto mais me apego à vida, mais me atormenta sua perda.
Lidamos com o problema do bem e do mal tentando exterminar o mal. O materialista tenta reduzir a mente à matéria, enquanto o idealista tenta reduzir a matéria à mente. Os monistas tentam reduzir a pluralidade à unidade, os pluralistas tentam explicar a unidade como uma pluralidade.
Sempre tendemos a tratar o limite como real, manipulando depois os opostos criados pelo limite. Devido ao fato de acreditarmos que o limite é real, imaginamos que os opostos são inconciliáveis, separados, para sempre apartados “o leste é o leste, o oeste é o oeste e nunca os dois se encontrarão”.
Como observou Alan Watts, as assim chamadas “linhas divisórias” também representam de modo preciso, os locais onde a terra e a água se tocam. Isto é, as linhas juntam e unem tanto quanto dividem e separam; em outras palavras, não são limites! Uma linha torna-se um limite quando supomos que ele apenas separa, mas, não une ao mesmo tempo. Não há problemas em traçar linhas, contanto que não as confundamos com limites. Pode-se distinguir o prazer da dor; é impossível separar o prazer da dor. 

“A superteoria holográfica afirma que nossos cérebros constroem a realidade concreta interpretando freqüências vindas de uma dimensão que transcende o tempo e o espaço. O cérebro é um holograma que interpreta um universo holográfico.” Marilyn Ferguson 

Construímos nossas próprias linhas mentais que são idéias e conceitos. Através disso, classificamos aspectos de nosso mundo.
A verdade, que deve ser única, impregna-se de contradições. O homem é incapaz de pensar onde ele está, pois cria dois mundos a partir de um. Como Korzybski e os semanticistas gerais demonstraram nossas palavras, símbolos, sinais, pensamentos e idéias são apenas mapas da realidade, não a própria realidade, porque “o mapa não é o território”.
Uma pessoa que vê além da ilusão dos opostos é chamada “liberta”. Não manipula mais os opostos jogando um contra o outro na sua busca da paz, mas, em vez disso, transcende a ambas. Essa base é a própria consciência da unidade. 

“A água é uma substância líquida importante para os seres vivos. É formada por dois átomos de hidrogênio e um átomo de oxigênio que se dispõe num formato angular estabelecendo um contraste entre os lados; onde um lado há formação de zonas positivas e de outro lado há formação de zonas negativas.” fonte internet 

Podemos concluir que, tão essencial como na composição da água, o elemento essencial à vida, os opostos são partes integrantes da composição do ser humano para a realização do crescimento pessoal e o equilíbrio da espécie.

fonte: Ken Wilber

sexta-feira, 1 de março de 2013

Sobre evolução


O ser humano é dotado da capacidade de adaptação ao meio-ambiente em que desenvolve sendo capaz de criar alternativas que proporcionam a melhoria da qualidade de vida de todos. A cada geração evolui-se tanto no desenvolvimento de alternativas tecnológicas como no campo humano, da saúde, da alimentação, dentre outros.
Nos primórdios, a força bruta era mais utilizada, por isso, o físico era mais valorizado visando à perpetuação da espécie. Com o desenvolvimento da tecnologia e a robotização da indústria, o intelectual passou a ser mais observado sendo necessário desenvolver a criatividade, a habilidade da comunição e educação.
No campo da religião, também houve adaptações, com a diversidade de igrejas e crenças porque o ser humano apesar de todos os avanços sente a necessidade de ligar-se ao Divino. Há um espaço dentro do ser que busca a constante compreensão das suas angústias X alegrias. O humano na ilusão de separar-se das demais espécies vivas acredita ser privilegiado por deuses e que sua capacidade de raciocínio e inteligência procede de uma “entidade” exclusiva a ele.
Com isto, domina e apodera-se da natureza mineral, vegetal e animal, beneficiando-se de seres não dotado da capacidade de defesa. No campo psicológico as pesquisas continuam em busca de bases que expliquem a diversidade de comportamentos, atitudes, sentimentos e dores, porque assim como o ser é capaz de produzir para o bem também produz para o mal.
Com o aumento da população e conseqüente concorrência, as crises humanas tendem a aumentar. Apesar dos avanços da ciência não foi possível impedir que novas formas de sofrimento humano emergissem destas almas. A evolução é um impulso natural dos seres sendo observada a cada período os avanços provocados pela espécie.

sexta-feira, 8 de fevereiro de 2013

Sobre prosperidade

Era ma vez, num reino distante, um jovem entrou na floresta e disse a seu mestre espiritual:
- "Quero possuir riqueza ilimitada para poder ajudar o mundo. Por favor, conte-me, qual é o segredo para se gerar abundância?"
O mestre espiritual respondeu:
- "Existem duas deusas que moram no coração dos seres humanos. Todos são profundamente apaixonados por essas entidades supremas. Mas elas estão envoltas num segredo que precisa ser revelado, e eu lhe contarei qual é".
Com um sorriso, ele prosseguiu: "Embora você ame  as duas deusas, deve dedicar maior atenção a uma delas, a deusa do Conhecimento, cujo nome é Sarasvati. Persiga-a, ame-a, dedique-se à ela. A outra deusa, chamada Lakshmi, é a Riqueza. Quando você dá mais atenção a Sarasvati, Lakshmi, extremamente enciumada, faz de tudo para receber seu afeto. Assim, quanto mais você busca a deusa do conhecimento, mais a deusa da riqueza quer se entregar à você. Ela o seguirá para onde for e jamais o abandonará. E a riqueza que você deseja será sua para sempre."

do livro: Criando Prosperidade - Deepak Chopra

domingo, 16 de dezembro de 2012

Os Domínios dos Mundos Físico, Mental e Espiritual

Disse o Senhor à Abrão: “Sai da tua terra, da tua parentela e da casa de teu pai e vai para a terra que te mostrarei. De ti farei uma grande nação, e te abençoarei, e te engrandecerei o nome. Sê tu uma bênção.”

O início de um a jornada interior em busca de si mesmo, a quebra da rotina de uma vida estável para ir ao fundo do seu coração e descobrir o que acalenta. A vida nos põe provações e pode resultar numa vida totalmente nova. A insegurança quanto ao rumo de sua vida e o desejo de saber qual ele é, aparece no começo de uma nova aventura. Imagine-se deixando tudo para trás e caminhando em direção a um novo território espiritual e emocional. Com nossa força e poder somos capazes de subir ao céu e alterar as forças da natureza. A vida é uma teia intrincada de perspectivas e prioridades. Procure ver as coisas de muitos diferentes ângulos para entender a verdade de seu próprio coração.
Todos nós temos que alcançar o delicado equilíbrio entre saber quem somos e de onde viemos e aceitar o Outro em nossa vida como igualmente válido. Apenas abrindo-se para os outros e aceitando-os, você vai ampliar sua visão de mundo e ficar totalmente em paz com sua própria vida.
Os esforços espirituais são tanto o que nos leva à suprema realização quanto o que nos mantém acordados à noite. Às vezes, é justamente a pessoa ou a idéia com a qual temos mais dificuldade que vai nos ensinar as lições mais importantes da vida. As relações nas quais você se envolve terão o poder de simplesmente criar mundos totalmente novos.
Para alcançar o sexto sentido, nós temos que primeiro ter o domínio dos cinco sentidos originais, aprendendo a nos conhecer literalmente em nossos estados físicos e, finalmente, aprendendo a ir além desse mundo limitado para o mundo miraculoso que existe além e acima dele. Nada acontece por acaso, não tome nem mesmo os detalhes aparentemente mais insignificantes como óbvios.
De tempos em tempos, todos nós precisamos admitir certas verdades para nós mesmos, assumir a responsabilidade pelo que fizemos. O passado não deixará de atormentá-lo enquanto você não lidar devidamente com ele – não espere ter o controle de sua vida.
Passamos a vida inteira vendo o mundo em termos de objetos físicos – coisas que desejamos possuir – é importante tirar um dia para enfocar objetivos invisíveis como “momentos sagrados” no tempo. Você não consegue ver, tocar ou ouvir uma experiência espiritual, mas você a sente num nível superior e pode recordá-la todos os dias pelo resto da vida. Permita-se experimentar o silêncio. Simplesmente Ser e não ter que fazer nada, a disposição da vida que nos permite ganhar muito mais simplesmente fazendo menos.
Lembrar que tudo que possuímos é provisório, nada pertence apenas a nós, nos ensina a abrir mão do que não necessitamos. Cada respiração é uma nova criação, cada segundo é o começo de uma nova existência. Perder isso de vista é deixar de ver o lado bom de nossa vida. Desenvolva o sentimento de gratidão pelo que tem neste mundo.
A chave para a realização pessoal está no reconhecimento de sua singularidade e aprender como aplicar seus talentos especiais para mudar seu mundo e chegar a uma compreensão clara de seu passado, presente e futuro. Se você se sentir incompreendido, não valorizado ou confuso, reconheça o pequeno ponto em sua alma que o leva a seguir em frente na vida. Intenção é a energia com a qual você procura realizar coisas. O resultado de seus esforços está diretamente ligado à sua intenção.
Aceite-se, e entenda que quaisquer falhas que você possa achar que tem são, em essência, seus atributos mais fortes. Olhe para dentro das janelas de alma, você vai encontrar os instrumentos necessários para transformar seus sonhos em realidade.
Todos nós temos no fundo um pouco de liderança, mesmo quando crianças pequenas – a chave está no reconhecimento de nosso potencial de liderança em qualquer aspecto de sua vida.
Certo e errado são categorias subjetivas que estão em constante mudança. Vemos as coisas de uma determinada maneira com base em nossas experiências de vida, mas os outros, com suas diferentes experiências, vêem do ponto de vista contrário. Nós não somos perfeitos e o mundo em vivemos não é perfeito. Aceite a si mesmo e procure meios para melhorar o seu comportamento.
Tudo é exatamente como deve ser. A experiência que você está tendo hoje vai levar à que você terá amanhã e assim sucessivamente.
Todos nós somos testados de várias maneiras a cada dia e temos que encontrar meios de vencer essas provas e confiar em nossa percepção interna. Aprenda a desenvolver e confiar no seu sexto sentido e ver a luz até mesmo na escuridão. Confie no que você vê, tanto dentro como fora.
O ato de falar é o catalisador de toda ação e de qualquer mudança significativa que ocorre no mundo. Usar a boca, a capacidade que nos distingue de outras formas de vida, é exercer o nosso poder maior. Saber que sempre há uma outra camada de verdade a ser considerada vai nos ajudar a nos expressarmos mais efetivamente na vida. Abrandar o coração, abrir a boca e usar o conhecimento que lhe foi dado antes de respirar pela primeira vez. Quando tiver realizado essas coisas, você poderá mudar o mundo.
A humanidade foi criada não apenas para crescer e se multiplicar, como qualquer animal, mas para dominar a natureza e explorar os poderes que lhes são inerentes. O que nos distingue das plantas e dos animais é o fato de termos em nosso interior uma centelha de Divindade, que podemos treinar para vê-la e desenvolvê-la.
A vida é confusa e às vezes, muitos caminhos se apresentam como possíveis escolhas. É comum mais de um caminho se apresentar, mas de tempos em tempos, temos que tomar decisões claras e definitivas. É possível se alcançar o conhecimento supremo por conta própria e quando algo está claro na sua mente, e você tem consciência plena do que é, tome cuidado para não se desviar dele. A sua sorte na vida não precisa ser aquela que lhe foi destinada ao nascer – você precisa estar seguro de si para tornar-se o que quer que necessite ser.
A fé não é mera questão de crença, mas de totalidade. Acreditar é sentir a fé em todos os níveis – emocional, espiritual, prático e até mesmo físico. Para sentir-se como uma pessoa inteira é preciso estar em paz consigo mesmo. Todos nós viemos da mesma fonte. Feche os olhos e concentre-se na luz da criação, saiba que você é parte dessa luz – todos nós somos.
Caos e ordem são partes do mesmo processo e um é necessário ao outro.Permita-se vivenciar o caos da transição antes de voltar sua energia para o próximo estágio de sua vida. O fim é apenas o começo.  (Deepak Chopra)

quinta-feira, 15 de novembro de 2012

O encontro perfeito


Tu verás que os males que devoram os homens são o fruto de sua escolha;
E que essas infelicidades procuram longe deles os bens de que eles trazem.


A transfiguração do amor no casamento perfeito, que é a penetração de duas almas, no próprio centro da vida e da verdade. O homem e sua força não é o representante do princípio e do espírito criador? A mulher em todo o seu poder não personifica a natureza, em sua força plástica, em suas realizações maravilhosas, terrestres e Divinas? Pois bem, que esses dois seres consigam se penetrar completamente, corpo, alma, espírito, formarão, os dois, um resumo do Universo. Mas para acreditar em Deus, a mulher precisa vê-lo viver no homem; e para isso é preciso que o homem seja iniciado. Apenas ele é capaz, por sua inteligência profunda da vida, com sua vontade criadora, de fecundar a alma feminina, transformá-la para o ideal Divino. E a mulher amada reenvia esse ideal multiplicado em seus pensamentos vibrantes, em suas sensações sutis, em suas adivinhações profundas. Ela lhe reenvia sua imagem transfigurada pelo entusiasmo, ela se torna seu ideal. Pois ela o realiza com o poder do amor em sua própria alma. Por ela, ele se torna vivo e visível, ele se faz carne e sua própria alma. Pois se o homem cria pelo desejo e pela vontade, a mulher, física e espiritualmente, gera pelo amor.
Em seu papel de amante, esposa, mãe ou inspirada, ela não é menor, sendo ainda mais Divina que o homem. Pois amar é se esquecer. A mulher que se esquece e que se afunda em seu amor é sempre sublime. Ela encontra nessa anulação seu renascimento celeste, sua coroa de luz e a irradiação imortal de seu ser.
O amor reina na literatura moderna há dois séculos. Não é o amor puramente sensual, que se acende ante a beleza do corpo, como nos poetas antigos; também não é o culto insípido a um ideal abstrato e convencional como na Idade Média; é o amor ao mesmo tempo sensual e psíquico que, solto em toda liberdade e em plena fantasia individual, se deu inteira liberdade. Freqüentemente os dois sexos fazem a guerra no próprio amor. Revoltas da mulher contra o egoísmo e a brutalidade do homem; desprezo do homem pela vaidade e falsidade da mulher; gritos da carne, cóleras impotentes das vítimas da volúpia, dos escravos da libertinagem. No meio disso, paixões profundas, atrações terríveis e tanto mais poderosas quanto são entravadas pelas convenções mundanas e instituições sociais. Daí esses amores cheios de tempestades, de desmoronamentos morais, de catástrofes trágicas sobre as quais se desenrolam quase sempre o romance e o drama modernos. Dir-se-ia que o homem fatigado, não encontrando Deus nem na ciência nem na religião, o procura desesperadamente na mulher. E ele faz bem; mas não é senão através da iniciação às grandes verdades que Ele o encontrará n’Ela e Ela n’Ele. Entre essas almas que se ignoram reciprocamente e que ignoram a si próprias, que às vezes se deixam maldizendo-se, há como uma sede imensa de se penetrar e de encontrar nessa fusão a felicidade impossível. Apesar das aberrações e exageros que disso resultam, essa busca desesperada é necessária; ela sai de um Divino inconsciente. Ela será um ponto vital para a reedificação do futuro. Pois quando o homem e a mulher encontrarem a si mesmo e um ao outro através do amor profundo e da iniciação, sua fusão será a força radiante e criadora por excelência.
Do livro: Os grandes iniciados.