A linha limítrofe cria um
par de opostos. Traçar limites é produzir opostos. E o mundo de opostos é um
mundo de conflitos; uma destas linhas de limites culminou na Árvore do
Conhecimento, que era na verdade a Árvore do bem e do mal. A dor e o prazer, o
bem e o mal, a vida e a morte, o trabalho e o lazer – toda a série de opostos
conflitantes abateu-se sobre a humanidade.
O simples fato de traçar
um limite é um preparar-se para o conflito – mais especificamente, para a
guerra dos opostos, a luta angustiante da vida contra a morte, do prazer contra
a dor, do bem contra o mal.
O fato é que vivemos num
mundo de conflitos e opostos porque vivemos num mundo de limites. Como toda
linha limítrofe é também uma linha de batalha, eis aqui uma dificuldade humana:
quanto mais firmes os limites de uma pessoa, mais entrincheiradas serão suas
batalhas.
Quanto mais me agarro ao
prazer, mais necessariamente temo a dor. Quanto mais busco a bondade, mas me
atormenta o mal. Quanto mais me apego à vida, mais me atormenta sua perda.
Lidamos com o problema do
bem e do mal tentando exterminar o mal. O materialista tenta reduzir a mente à
matéria, enquanto o idealista tenta reduzir a matéria à mente. Os monistas
tentam reduzir a pluralidade à unidade, os pluralistas tentam explicar a
unidade como uma pluralidade.
Sempre tendemos a tratar o
limite como real, manipulando depois os opostos criados pelo limite. Devido ao
fato de acreditarmos que o limite é real, imaginamos que os opostos são
inconciliáveis, separados, para sempre apartados “o leste é o leste, o oeste é
o oeste e nunca os dois se encontrarão”.
Como observou Alan Watts,
as assim chamadas “linhas divisórias” também representam de modo preciso, os
locais onde a terra e a água se tocam. Isto é, as linhas juntam e unem tanto
quanto dividem e separam; em outras palavras, não são limites! Uma linha
torna-se um limite quando supomos que ele apenas separa, mas, não une ao mesmo
tempo. Não há problemas em traçar linhas, contanto que não as confundamos com
limites. Pode-se distinguir o prazer da dor; é impossível separar o prazer da
dor.
“A
superteoria holográfica afirma que nossos cérebros constroem a realidade
concreta interpretando freqüências vindas de uma dimensão que transcende o
tempo e o espaço. O cérebro é um holograma que interpreta um universo
holográfico.” Marilyn Ferguson
Construímos nossas
próprias linhas mentais que são idéias e conceitos. Através disso,
classificamos aspectos de nosso mundo.
A verdade, que deve ser
única, impregna-se de contradições. O homem é incapaz de pensar onde ele está,
pois cria dois mundos a partir de um. Como Korzybski e os semanticistas gerais demonstraram
nossas palavras, símbolos, sinais, pensamentos e idéias são apenas mapas da
realidade, não a própria realidade, porque “o mapa não é o território”.
Uma pessoa que vê além da
ilusão dos opostos é chamada “liberta”. Não manipula mais os opostos jogando um
contra o outro na sua busca da paz, mas, em vez disso, transcende a ambas. Essa
base é a própria consciência da unidade.
“A
água é uma substância líquida importante para os seres vivos. É formada por
dois átomos de hidrogênio e um átomo de oxigênio que se dispõe num formato
angular estabelecendo um contraste entre os lados; onde um lado há formação de
zonas positivas e de outro lado há formação de zonas negativas.” fonte internet
Podemos concluir que, tão essencial
como na composição da água, o elemento essencial à vida, os opostos são partes
integrantes da composição do ser humano para a realização do crescimento pessoal
e o equilíbrio da espécie.
fonte: Ken Wilber
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